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terça-feira, 13 de julho de 2021

Quinhentismo

 O Quinhentismo foi um movimento histórico e literário que compreendeu as manifestações culturais escritas no primeiro século da colonização brasileira. Em linhas gerais, é possível reconhecer dois grupos de composição textual na época: os textos de informação e a literatura de formação. Os principais escritores da época foram Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.


Características

A produção literária dos primeiros anos da colonização brasileira pode ser dividida em dois grupos:


Literatura de informação

Esse tipo de produção literária tem como principal característica ter como função descrever o processo de domínio português sob o território brasileiro. O principal escritor desse grupo é Pero Vaz de Caminha, e sua famosa carta é um dos mais importantes documentos históricos do período.


Para além de ser um texto histórico, a carta de Caminha é reconhecida como uma produção literária, haja vista que a epístola estrutura-se a partir de uma narrativa em primeira pessoa com certa tendência subjetiva na descrição dos espaços e da sociedade indígena que vivia no Brasil quando ocorreu a chegada portuguesa.


Veja, a seguir, um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha:

Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.


Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças; e ao sol posto, obra de seis léguas da terra, surgimos âncoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitos à terra, indo os navios pequenos diante, por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra, onde todos lançamos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas pouco mais ou menos.


Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.


Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si.


E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.


Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.


Literatura de Formação

Também conhecida como literatura catequética, esse grupo literário é composto por poemas, cartas, sermões e peças de teatro produzidos pelos padres jesuítas que desembarcaram no Brasil no início da colonização. De modo breve, é possível dizer que tais produções tinham como principal função catequizar os nativos do território.


A catequização pode ser compreendida como uma espécie de colonização religiosa, haja vista que os deuses e cultos indígenas foram demonizados pelos jesuítas, que impuseram o catolicismo na região. Dessa forma, portanto, o Estado português dominou o território, e a Igreja Católica colonizou a religião dos nativos.

Contexto histórico

O contexto histórico do Quinhentismo é o início da colonização brasileira. As duas forças políticas que atuaram na dominação do território e dos nativos, o Estado português e a Igreja Católica, são perceptíveis a partir das produções literárias do período.


Tanto por meio das descrições de Pero Vaz de Caminha ou das peças e poemas do Padre José de Anchieta, é possível perceber traços do momento histórico que o país passava.


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